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O fantasma De Monte Carlo

O fantasma De Monte Carlo

Barbara Cartland

 

Verlag Barbara Cartland Ebooks ltd, 2021

ISBN 9781788674010 , 298 Seiten

Format ePUB

Kopierschutz Wasserzeichen

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1,49 EUR

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O fantasma De Monte Carlo


 

CAPÍTULO II

Sir Robert Stunford fechou a porta da mansão e ficou, durante um momento, olhando para o mar.

A noite tinha sido linda, mas agora o amanhecer se aproximava e a brisa do mar soprava suavemente. Sentindo o orvalho no rosto, Sir Robert respirou profundamente, revigorado. Depois de satisfazer todos os seus desejos físicos e cansar o corpo até a exaustão, sentia que precisava de alimento espiritual.

Atrás dele, a Vila das Rosas parecia estranha e quieta, mergulhada em silêncio. O ar estava perfumado, com cheiro de mimosa e flor de laranjeira.

Levantou a cabeça e olhou para o céu. Depois, observou novamente o jardim adiante e caminhou entre as plantas que tinham um estilo quase oriental.

Era estranho, mas, enquanto olhava aquilo, não era no esplendor do Mediterrâneo que pensava, mas em sua casa em Northamptonshire. Naquele momento, lembrava claramente a casa cinza, de pedras, cheia de terraços e chaminés, uma perfeição arquitetónica que se refletia no lago próximo, pelo qual todos deveriam passar, antes de chegar ao portão.

Era uma casa magnífica. Uma casa da qual qualquer homem poderia se orgulhar. Mas, por que a brisa do Mediterrâneo o fazia lembrar de Cheveron? Ele não sabia.

Entretanto, era como se a casa estivesse lá atrás, em silêncio, acusando-o e pedindo uma explicação. Como todos os homens fazem nos momentos de fraqueza, Sir Robert começou a se desculpar. Por que devia ficar amarrado a uma casa, a um nome, a uma herança, mesmo que fosse nobre? Por que não podia viver a própria vida? Por quê? Já tinha idade suficiente para saber o que queria!

Lembrou-se da carta que estava esperando por ele, em sua suite, no hotel.

Tinha chegado ao anoitecer, e ele havia reconhecido a letra imediatamente. Por isso, não a abriu.

Era mais uma carta de sua mãe. Provavelmente, mais uma ameaça inútil.

Lembrou-se da última conversa que tiveram, de cada palavra, de cada gesto dela, cada movimento... o ruído do fogo na lareira, a solenidade da neve que caía em silêncio lá fora, marcando de branco a paisagem de Cheveron, tornando-a incrivelmente linda.

—Então, vai para Monte Carlo?— Lady Stunford tinha perguntado, e, pelo tom de voz, ele já sabia que ela não aprovava.

—Sim, para Monte Carlo. Deve estar lindo lá, nesta época do ano. Não sei por que não quer ir para o sul, mamãe; faz muito bem para a saúde.

—Acredito. Mas tenho muitas responsabilidades aqui, Robert.

Não havia como ignorar a indireta dela, e o filho sorriu, sem alegria.

—Então, espero que se encarregue das minhas responsabilidades também.

—Se eu pudesse, faria isso. Infelizmente, sou apenas uma mulher. Você é o dono da fazenda. Você herdou uma posição importante que seu pai lhe deixou. É o chefe da família, e os Stunford sempre foram fiéis às tradições.

Sir Robert tinha caminhado até a janela e olhado os gramados cobertos de neve. Pareceu que se passaram séculos, até a mãe perguntar:

—Aquela... aquela mulher... vai com você?

Virou-se e encarou-a.

—Acredito que Lady Violet Featherstone... se é dela que está falando... estará na mansão que tem em Monte Carlo.

—Oh, Robert, como pode ir lá com ela? Não entende que essa mulher está arruinando você?

—Me arruinando? Mas de que modo? Como pode dizer isso? Arruinando financeiramente? Intelectualmente? Fisicamente? Não, claro que sei a resposta certa… socialmente... não é isso que você quer dizer, mamãe?

Em resposta, Lady Stunford levou aos olhos um lenço bordado de preto. Havia um certo desespero naquelas lágrimas, que só serviu para enfurecer o filho. Desejou magoá-la ainda mais:

—Como acabou de lembrar, sou o dono da fazenda e o feliz proprietário de uma grande fortuna. As pessoas estão prontas a me perdoar tudo e aceitar minha esposa. Sim, darão a ela o que eu quiser, e todas as portas de Cheveron se fecharão para quem não aceitá-la.

Se queria ferir a mãe, ele tinha conseguido.

—Robert!— foi um gemido de surpresa e desespero—, Robert! Não pode... não pode estar pensando... em casar... com aquela mulher... e trazê-la para cá.

—Por que não? Já esqueceu, mamãe, que Lady Violet é filha de um Duque?

—Não esqueci. Mas a família nobre só torna ainda mais imperdoável o comportamento dela. Além do mais, se quer casar com Lady Violet, tem que conseguir que o marido dela dê o divórcio. Já pensou nisso? Um divórcio, Robert!

—Pensei nisso!

Lady Stunford levantou-se. Ainda era uma mulher bonita. Ainda caminhava com graça e tinha um porte muito digno, apesar de o rosto estar acizentado e ter lágrimas escorrendo pela face.

—Muito bem, Robert: você já tem idade para saber o que quer. Se resolveu casar com aquela mulher, ninguém pode impedi-lo. Ela tem má reputação e é dez anos mais velha do que você. Mas sei que nada, nem ninguém, poderá mudar sua decisão. Entretanto, não a aceitarei como nora. Era o que eu tinha a dizer.

—Já entendi.

Lady Stunford caminhou para a porta, que Sir Robert lhe abriu, sorrindo, irônico. Ela o olhou por um momento, esperando que algo mudasse. Mas, quando seus olhos se encontraram, cheios de suspeitas e ressentimentos, ela saiu sem dizer mais uma palavra.

Ele tinha sido cruel! Agora percebia isso. Entretanto, na hora, agiu movido por uma raiva amarga que geralmente o dominava, quando não conseguia fazer as coisas do jeito que queria.

Por que, perguntou a si mesmo, não tinha conhecido Violet quando era mais jovem?

Ignorou o fato de que, quando ela casou, ele não passava de um garoto, ainda estudante. Agora só lembrava que era uma mulher bonita e que a desejava.

Que diferença das garotinhas tímidas que a mãe considerava apropriadas para esposa! Que diferença das mulheres com quem havia flertado e feito amor e que depois vinham com exigências e declarações de paixão que o irritavam!

Com Violet, nunca tinha certeza de nada. Num momento, ela parecia doce e gentil, prestes a se entregar. Então, mesmo enquanto ele a segurava nos braços, ela o iludia. Ria de seu ardor, da sua paixão, e ele sentia seu pouco-caso.

Ela não lhe pertencia. Pertencia apenas a si mesma. Era uma mulher cheia de emoções. Havia algo nos seus atos de desafio que o atraíam muito. Violet não se importava com o que as pessoas iam dizer ou pensar. Sabia muito bem que todos falavam porque era amiga dos amigos do marido e os tratava como iguais.

Quando abandonou o marido, poucos meses antes de fazer dezoito anos de casada, muita gente disse que aquilo não era surpresa. Mas os boateiros ficaram surpresos porque não fugiu com nenhum amante. Simplesmente, foi morar sozinha em outra casa e continuou a encantar todos os homens que encontrava.

Foi então que Sir Robert a conheceu. Desde o primeiro momento, não conseguiu pensar em mais ninguém.

Não era mais um garoto e não ia dar o passo mais sério de sua vida sem pensar. Sabia muito bem o que significava uma proposta de casamento a Violet Featherstone. Teria que mudar muito os planos que já tinha feito para o futuro.

Podia ter enfrentado a mãe e podia ter fingido que era muito simples levar Violet para Cheveron, como sua esposa. Mas, no fundo do coração, tinha certeza de que as coisas seriam bem mais complicadas.

Entretanto, quando ela sorria, Sir Robert sentia que nada mais importava: apenas a conquista daquela mulher fascinante.

Agora, como já tinha acontecido quando estava distante de Violet, lembrava-se da beleza de Cheveron. Podia até ouvir a voz da mãe, fazendo suas súplicas. Havia os camponeses, os arrendatários, o problema de sua entrada na Câmara dos Comuns, a posição que ocupava no município e a parte que os Stunford sempre tiveram na corte.

Como tudo aquilo parecia simples. Entretanto, como era importante! Eram coisas que se transformavam numa barreira de oposição contra Violet, contra sua fascinação e sua fragilidade.

De repente, Robert percebeu que já estava fora da Vila das Rosas há muito tempo e sentiu frio. Começou a caminhar pelos jardins. A alameda fazia curvas, descendo cada vez mais, até chegar a um portão de ferro, um trabalho lindo. Abriu o portão e saiu.

Não seguiu pela estrada; entrou por uma porteira, do outro lado dos jardins públicos que o famoso François Blanc tinha desenhado há alguns anos, quando planejou a...